Nessa publicação vamos falar sobre forma musical, como percebemos, como recebemos e elaboramos na nossa percepção, na nossa compreensão do que seja uma linguagem musical que propõe ser um conhecimento musical.
O que é forma musical?
Muitas vezes confundido ou usado como sinônimo de estrutura musical, forma musical é a maneira como a obra se apresenta para o ouvinte. Que unidades de sentido o ouvinte fecha na audição dele? A forma são os blocos de significado musical que vão se encadeando, que vão se organizando nessa ideia que o tempo musical vai decorrendo.
A forma musical é uma estrutura organizada e recorrente que governa a disposição e o desenvolvimento dos elementos musicais ao longo de uma composição. É uma maneira pela qual os compositores organizam e moldam seus materiais musicais, como melodias, harmonias, ritmos e texturas, a fim de criar uma obra coerente e com uma progressão lógica.
Muitos procedimentos, muitas maneiras de pensar a forma musical, a gente já conhece, já praticamos na música popular, mesmo nas músicas infantis, nos brinquedos de roda, todos eles já têm embutido uma organização formal, uma organização entre partes, entre temas, entre ideias musicais, e a gente já vive isso normalmente. Então o compositor pode recorrer a estas formas musicais tradicionais ou ele pode até, dialogando com elas, contraria-las. O compositor vai propor maneiras de escutar essa tradição e neste trabalho vai inovar também.
A tradição musical e os aspectos formais
A tradição musical refere-se à transmissão de conhecimentos musicais, práticas e repertórios de geração em geração dentro de uma determinada cultura ou comunidade. Ela abrange as formas de música que são valorizadas e preservadas ao longo do tempo, muitas vezes refletindo as identidades culturais e sociais de um grupo específico.
A tradição musical pode assumir diferentes formas, dependendo da cultura e do contexto em que está inserida. Pode incluir estilos musicais específicos, como música clássica, música folclórica, música popular, música indígena, entre outros. Além disso, a tradição musical também engloba os instrumentos musicais, técnicas de execução, padrões rítmicos, melodias e estruturas que são transmitidas e perpetuadas ao longo do tempo.
As tradições musicais são frequentemente transmitidas oralmente, por meio de ensinamentos diretos entre músicos mais experientes e aprendizes. Essa transmissão oral permite que os elementos musicais sejam adaptados e reinterpretados de acordo com as circunstâncias e necessidades de cada geração, mantendo assim a vitalidade da tradição.
No entanto, a tradição musical também pode ser registrada por escrito, por meio de partituras, gravações ou outros meios de documentação. Esses registros ajudam a preservar as características fundamentais das tradições musicais e permitem que sejam estudadas e apreciadas por pessoas de diferentes épocas e lugares.
A tradição musical desempenha um papel importante na preservação da cultura, identidade e história de um povo. Ela promove um senso de continuidade e conexão com as gerações anteriores, proporcionando um meio de expressão artística e emocionalmente significativo. Além disso, a tradição musical também pode ser uma fonte de inspiração para a criação de novas obras musicais, que incorporam elementos tradicionais de forma inovadora.
Alguns exemplos de forma musical
Existem várias formas musicais que foram desenvolvidas ao longo dos séculos, cada uma com suas características distintas. Algumas das formas musicais mais comuns incluem:
- Forma binária: Divide a composição em duas partes distintas, geralmente rotuladas como A e B. A forma binária pode ser representada como AB ou AABB, e cada seção pode ser repetida.
- Forma ternária: Divide a composição em três partes, geralmente rotuladas como A, B e A’. A forma ternária é representada como ABA, onde a seção B fornece um contraste em relação às seções A.
- Forma rondo: Caracterizada por uma seção principal recorrente (geralmente rotulada como A) que é alternada com seções contrastantes (rotuladas como B, C, D, etc.). A forma rondo é representada como ABACADA, sendo A a seção principal que retorna várias vezes.
- Forma sonata: É uma forma mais complexa e amplamente utilizada na música clássica. Geralmente é dividida em três seções principais: exposição, desenvolvimento e recapitulação. A forma sonata permite um desenvolvimento temático extenso e modulações para diferentes tonalidades.
- Forma de fuga: É um tipo especial de forma em que um tema musical é introduzido e repetido em várias vozes, com cada voz imitando o tema de maneira consecutiva. A fuga é uma forma altamente estruturada e elaborada, muitas vezes encontrada em composições barrocas.
Essas são apenas algumas das formas musicais mais comuns, e cada uma delas oferece aos compositores um quadro para a organização e desenvolvimento de suas composições. No entanto, vale ressaltar que muitos compositores também exploram formas menos convencionais ou desenvolvem suas próprias estruturas musicais, buscando expressar sua criatividade e originalidade. É importante lembrar que nossa escuta é construída. Isto é, a escuta é uma construção histórico, social, cultural.
Assista a série de vídeos elaborados pela Orquestra Sinfônica do Estado de S. Paulo sobre “forma musical” – AQUI.