História da bateria – Parte 1

O surgimento da bateria

A bateria, como conhecemos hoje, evoluiu ao longo de várias décadas e incorporou elementos de diferentes instrumentos e tradições musicais. Aqui está um resumo sobre a origem da bateria:

Percussão africana: A música africana desempenhou um papel importante no desenvolvimento da percussão que posteriormente influenciou a bateria moderna. Na África, diferentes tambores e instrumentos de percussão eram usados em conjunto para criar ritmos complexos e polirrítmicos. Essa tradição rítmica africana foi trazida para as Américas através da escravidão.

Bumbo e caixa: No início do século XIX, na Nova Orleans dos Estados Unidos, músicos começaram a combinar elementos de percussão africana com instrumentos europeus, como o bumbo (bass drum) e a caixa (snare drum). O bumbo fornecia um som grave e a caixa um som agudo e cortante.

Pratos: No final do século XIX, os pratos (cymbals) começaram a ser adicionados à bateria. Inicialmente, os pratos eram pequenos e leves, produzindo um som sutil. Com o tempo, eles foram desenvolvidos e aumentaram de tamanho, permitindo uma maior variedade de sons e dinâmicas.

Pedal de bumbo: No início do século XX, o pedal de bumbo foi inventado, permitindo ao baterista tocar o bumbo com o pé enquanto tocava outros tambores e pratos com as mãos. Isso aumentou a flexibilidade e a versatilidade da bateria, permitindo que um único músico tocasse uma variedade maior de sons.

Desenvolvimento dos tambores e pratos: Ao longo do século XX, a bateria continuou a se desenvolver e se expandir. Foram introduzidos novos tambores, como os toms (tom-toms), que proporcionavam diferentes alturas, e diferentes tipos de pratos, como os pratos de condução (ride cymbal) e os pratos de ataque (crash cymbal), para criar uma maior variedade de sons e texturas.

Avanços tecnológicos: Com o avanço da tecnologia, surgiram melhorias na construção dos tambores e pratos, bem como a adição de acessórios como suportes e racks para facilitar a montagem e ajuste dos instrumentos. Também houve a incorporação de elementos eletrônicos, como pads e triggers, para expandir ainda mais as possibilidades sonoras da bateria.

Ao longo do tempo, a bateria evoluiu para se tornar um instrumento central na música popular e no jazz, proporcionando ritmo, groove e suporte para outros músicos. A contribuição de vários músicos e inventores ao longo da história moldou a configuração moderna da bateria e influenciou sua abordagem musical.

A bateria no jazz americano

A bateria desempenha um papel fundamental no jazz americano, fornecendo ritmo, groove e interação com os outros músicos. No jazz, a bateria é considerada o instrumento responsável pelo drive, pela marcação do tempo e pela criação de uma base rítmica sólida.

No início do jazz, na década de 1910, a bateria era composta principalmente por tambores, pratos e caixas. Ao longo das décadas, a configuração da bateria evoluiu e expandiu, incorporando mais peças e acessórios.

Os bateristas de jazz são conhecidos por sua habilidade técnica, criatividade e improvisação. Eles têm a liberdade de explorar diferentes padrões rítmicos, acentuações e texturas sonoras durante as performances.

Alguns dos principais elementos e técnicas da bateria no jazz incluem:

Ride cymbal: O ride cymbal é um prato que geralmente é usado para marcar o tempo principal. O baterista toca padrões rítmicos nele, fornecendo uma sensação constante e pulsante.

Hi-hat: O hi-hat é composto por dois pratos que podem ser abertos e fechados usando um pedal. Ele fornece uma variedade de sons, desde uma batida fechada (chick) até um som mais solto e aberto.

Swing e sincopação: No jazz, o swing é uma característica rítmica distintiva. Os bateristas de jazz aplicam uma sensação de swing aos ritmos, criando uma subdivisão deslocada e uma sensação sincopada.

Improvisação rítmica: Os bateristas de jazz têm a liberdade de improvisar ritmicamente durante as performances. Eles podem responder aos solos dos outros músicos, criar variações nos padrões e adicionar ornamentações ritmicas.

Solos: Os bateristas de jazz frequentemente apresentam preenchimentos (fills) e solos durante as performances. Eles podem explorar diferentes técnicas, como rolos, rudimentos e combinações de tambores, para adicionar emoção e intensidade à música.

Alguns bateristas de jazz notáveis que contribuíram para a evolução e influência da bateria no jazz americano incluem nomes como Art Blakey, Max Roach, Elvin Jones, Tony Williams e Jack DeJohnette, entre muitos outros.

A bateria no jazz continua a evoluir e se adaptar, incorporando influências de diferentes estilos musicais e abrindo espaço para a experimentação e a expressão individual dos bateristas.

Grandes bateristas de jazz

Os bateristas de jazz desempenham um papel fundamental na criação do ritmo, groove e energia nas performances de jazz. Eles são responsáveis por manter uma base sólida, interagir com outros músicos e fornecer improvisação rítmica. Aqui estão alguns bateristas de jazz notáveis que tiveram impacto significativo no gênero:

  • Art Blakey: Conhecido por seu estilo energético e sua liderança no grupo Art Blakey & The Jazz Messengers, Art Blakey foi uma figura importante no desenvolvimento do jazz hard bop. Seu estilo de tocar bateria é caracterizado por batidas potentes, rimshots marcantes e uma técnica impressionante.
  • Max Roach: Max Roach é considerado um dos inovadores da bateria no jazz moderno. Ele trouxe uma abordagem melódica para a bateria, utilizando padrões rítmicos complexos e explorando novas texturas sonoras. Sua musicalidade e técnica influenciaram muitos bateristas subsequentes.
  • Elvin Jones: Reconhecido por seu trabalho com o lendário saxofonista John Coltrane, Elvin Jones foi conhecido por seu estilo criativo e polirrítmico. Ele incorporou elementos africanos e percussivos em seu toque de bateria, criando um som distintivo e revolucionário.
  • Tony Williams: Tony Williams começou a tocar com Miles Davis quando tinha apenas 17 anos e rapidamente se tornou uma figura influente no mundo do jazz. Sua abordagem inovadora na bateria, com grande energia, polirritmia e complexidade, marcou uma mudança significativa no jazz dos anos 1960.
  • Buddy Rich: Reconhecido como um dos maiores bateristas de todos os tempos, Buddy Rich é conhecido por sua técnica virtuosística, velocidade impressionante e habilidades de improvisação. Embora tenha trabalhado principalmente no swing e no big band jazz, sua influência se estendeu para outros estilos do jazz.
  • Roy Haynes: Roy Haynes é um baterista lendário que tocou com uma ampla gama de músicos de jazz ao longo de sua carreira. Seu estilo é caracterizado por uma sensibilidade musical refinada, uso criativo do ride cymbal e improvisação fluente.

Esses são apenas alguns nomes de bateristas de jazz notáveis, mas há muitos outros talentosos que contribuíram para a evolução do gênero. Cada um desses bateristas trouxe sua própria abordagem e estilo único para o jazz, deixando um legado duradouro na música.

Bateristas da música pop americana

A música pop americana possui uma rica história de talentosos bateristas que contribuíram para o som e o ritmo de inúmeras canções populares. Aqui estão alguns dos principais bateristas da música pop americana:

  • Hal Blaine: Hal Blaine é amplamente considerado um dos bateristas mais prolíficos e influentes da história da música pop. Ele tocou em uma infinidade de gravações de sucesso dos anos 1960 e 1970, sendo membro do grupo de músicos de estúdio conhecido como The Wrecking Crew. Ele contribuiu para inúmeros hits, incluindo “Be My Baby” das The Ronettes e “Good Vibrations” dos Beach Boys.
  • Steve Gadd: Steve Gadd é um renomado baterista que trabalhou com uma ampla gama de artistas e gêneros musicais. Ele é conhecido por sua habilidade técnica e sua capacidade de se adaptar a diferentes estilos musicais. Gadd tocou em sucessos de artistas como Paul Simon, Steely Dan e Eric Clapton.
  • Jeff Porcaro: Jeff Porcaro foi um dos membros fundadores da banda de rock Toto e se tornou conhecido por seu estilo de tocar preciso e sólido. Ele é creditado em diversos sucessos do Toto, incluindo “Rosanna” e “Africa”. Porcaro também tocou como músico de estúdio para vários artistas, tornando-se um dos bateristas mais solicitados da época.
  • Ringo Starr: Ringo Starr ganhou fama mundial como baterista dos Beatles. Embora sua técnica possa ser considerada relativamente simples em comparação com outros bateristas, seu estilo de tocar foi altamente influente e se tornou parte integrante do som dos Beatles. Ele contribuiu para hits como “Hey Jude” e “Come Together”.
  • Questlove: Ahmir “Questlove” Thompson é o baterista e líder da banda de hip-hop The Roots. Ele é conhecido por sua abordagem rítmica única, combinando elementos do hip-hop, soul, jazz e funk em sua performance. Questlove também é um influente produtor musical e figura importante na indústria da música.
  • Sheila E.: Sheila E. é uma baterista e percussionista conhecida por sua versatilidade e energia no palco. Ela trabalhou com artistas como Prince, George Duke e Ringo Starr, e também teve uma carreira solo bem-sucedida. Sheila E. é elogiada por sua habilidade técnica e habilidades de improvisação.
  • Esses são apenas alguns exemplos de bateristas notáveis da música pop americana. Há muitos outros talentosos bateristas que deixaram sua marca na história da música pop com suas contribuições musicais únicas.

Bateristas brasileiros

O Brasil também tem uma cena musical rica e diversos bateristas talentosos que contribuíram para a música brasileira. Aqui estão alguns dos principais bateristas brasileiros:

  • Milton Banana: Milton Banana foi um dos pioneiros da bateria no Brasil e é considerado uma figura importante na história da música brasileira. Ele foi o baterista de destaque na Bossa Nova, acompanhando artistas como João Gilberto e Tom Jobim. Sua técnica sutil e groove inconfundível influenciaram gerações de bateristas.
  • Wilson das Neves: Wilson das Neves foi um baterista versátil que tocou em diversos estilos musicais brasileiros, incluindo samba, bossa nova e música popular brasileira. Ele é conhecido por sua pegada firme e precisão rítmica, tendo acompanhado artistas como Elis Regina e Chico Buarque.
  • Nenê: Nenê, cujo nome verdadeiro é Alphonse Mouzon, é um baterista brasileiro nascido na França. Ele é conhecido por sua técnica avançada e sua capacidade de mesclar ritmos brasileiros com elementos do jazz. Nenê já tocou com vários artistas renomados, como Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti.
  • Zé Eduardo Nazário: Zé Eduardo Nazário é um baterista e percussionista brasileiro conhecido por sua abordagem inovadora e experimental. Ele foi um dos fundadores do grupo de música instrumental brasileira “Grupo Um” nos anos 1970, explorando fusões de ritmos brasileiros com improvisação jazzística.
  • Cuca Teixeira: Cuca Teixeira é um baterista virtuoso que transita por diversos estilos musicais, incluindo jazz, rock e música instrumental brasileira. Ele é conhecido por sua técnica apurada, criatividade e versatilidade. Cuca já acompanhou artistas como Hermeto Pascoal, Hélio Delmiro e André Mehmari.
  • Tuto Ferraz: Tuto Ferraz é um baterista brasileiro que ganhou destaque na cena da música instrumental e do jazz. Ele é conhecido por sua técnica refinada, seu groove sólido e sua habilidade de improvisação. Tuto já tocou com músicos como Hamilton de Holanda, Arismar do Espírito Santo e Filó Machado.
  • Kiko Freitas: Kiko Freitas é um renomado baterista brasileiro conhecido por sua técnica impressionante e habilidade musical versátil. Nascido em Porto Alegre, Brasil, em 1965, ele começou a tocar bateria desde muito jovem e rapidamente se destacou como um talento promissor. Kiko é reconhecido por sua fluência em uma variedade de gêneros musicais, incluindo jazz, música instrumental brasileira e fusion. Sua abordagem musical abrange desde ritmos tradicionais do Brasil até complexos padrões rítmicos do jazz moderno. Ele já tocou e gravou com inúmeros artistas e grupos musicais brasileiros e internacionais, incluindo João Bosco, Lenine, Hermeto Pascoal, Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, entre outros. Além disso, Kiko Freitas também lançou álbuns solo que demonstram sua musicalidade e talento como líder de banda. Kiko Freitas é elogiado por sua técnica apurada, criatividade rítmica, sensibilidade musical e improvisação fluente. Sua musicalidade única e sua capacidade de se adaptar a diferentes estilos o tornaram um dos bateristas mais respeitados e requisitados do Brasil. Sua contribuição para a música brasileira e seu impacto na cena da bateria são altamente valorizados.

O Brasil tem uma rica tradição musical e uma cena de bateria vibrante, com uma diversidade de estilos e abordagens. Existem muitos outros talentosos bateristas brasileiros que contribuíram e continuam contribuindo para a música brasileira.

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